sexta-feira, 30 de setembro de 2011

O doping: sua situação no Brasil e no mundo

Os esteroides anabólico-androgênicos (EAA) são um grupo de compostos naturais e sintéticos formados pela testosterona e seus derivados1. A testosterona é sintetizada desde 1935 e durante a 2ª Grande Guerra foi utilizada pelas tropas alemãs para aumentar a agressividade dos soldados. Seu uso terapêutico até esta época restringia-se ao tratamento de pacientes queimados, deprimidos ou em recuperação de grandes cirurgias. Nos anos 50, foi utilizada sob forma oral e injetável no tratamento de alguns tipos de anemia, em doenças com perda muscular, bem como em pacientes pós cirúrgicos para diminuir a atrofia muscular secundária.
Em 1939 foi sugerido que sua administração poderia melhorar a performance de atletas, mas a primeira referência ao uso de hormônios sexuais para melhorar o desempenho de atletas ocorreu em 19541,3, em um campeonato de levantamento de peso em Viena, e seu uso tornou-se difundido com este fim a partir de 1964. No Brasil, os EAA são considerados “doping”, segundo os critérios da Portaria 531, de 10 de julho de 1985 do MEC, seguindo a legislação internacional.
O termo “doping” deriva de um dialeto africano e refere-se a uma bebida estimulante usada em cerimônias religiosas. O Comitê Olímpico Internacional define como “doping” o uso de qualquer substância exógena ou endógena em quantidades ou vias anormais com a intenção de aumentar o desempenho do
atleta em uma competição5. O uso ilícito dos EAA dá-se por atletas na crença de que essas drogas aumentam a massa muscular, a força física e a agressividade em competições, e diminuem o tempo de recuperação entre exercícios intensos. Também é descrito o uso pela expectativa de tratar ou prevenir lesões decorrentes da prática de esportes.
Os EAA têm sido abusados, também, por não atletas com fins estéticos, pelo desejo de ganhar peso e melhorar a aparência, sendo muitas vezes associados ao uso de álcool, cocaína e outras drogas ilícitas para promover agressividade. É particularmente perturbador o aumento da frequência do seu uso entre os adolescentes, conforme detectado em estudos internacionais.
Casos de doping vêm se tornando cada vez mais frequentes em nosso país e no mundo. Ciente desse problema, a Agência Mundial Antidoping (AMA) vem realizando importante trabalho na conscientização e controle de atletas de elite, com publicação anual de relatórios a respeito do controle antidoping realizado internacionalmente.
As estatísticas nacionais sobre o uso de anabolizantes em academias, apesar de não serem numerosas, indicam claramente um problema de saúde pública, pois mostram números em torno de 95%, em um estudo piloto realizado em academias da cidade de Porto Alegre, embora os autores tenham privilegiado praticantes de musculação no projeto piloto de uma dissertação de mestrado. Autores, usando o processo de questionário, encontraram esteroides em 19% dos frequentadores de grandes academias na cidade de São Paulo. A justificativa para este pequeno número de trabalhos reside, provavelmente, na independência dos programas de controle antidoping realizados pelas confederações desportivas e pelos Comitês Olímpico (COB) e Paraolímpico (CPB). Sendo assim, torna-se difícil a compreensão global das ações antidoping implementadas em nosso país.
                        
                                          

                                          
A luta contra a dopagem compreende, idealmente, não só a programação de controles antidoping durante e fora de competições esportivas, mas especialmente uma conscientização e orientação dos atletas a respeito desta importante temática, bem como de um processo de julgamento no tempo e na forma adequada dos atletas quando ocorre um resultado analítico adverso no laboratório.
No que diz respeito aos projetos que visam esclarecer aos atletas a respeito de doping e antidoping, o COB produz anualmente, desde 2001, um manual sobre “Uso de medicamentos no esporte” em que constam, além de um histórico de doping e dos direitos e deveres dos atletas, o nome das substâncias e métodos proibidos pela AMA no esporte, e também uma listagem atualizada com o nome comercial dos medicamentos que podem ser utilizados em diferentes situações clínicas.

O fundamental, nessa discussão, é que o doping é o resultado de uma prática científica, que é utilizado para criar subterfúgios e melhorar o rendimento individual, desconsiderando, contudo, as práticas julgadas moralmente aceitas e desejáveis. Assim, ao somarmos os aspectos morais à falta de fundamentação e consistência nos argumentos que condenam o doping, fazemos com que o esporte e outras atividades corporais, vistos numa perspectiva de rendimento, mantenham-se como ações inquestionáveis, permeadas de contradições internas e geradoras de conflitos morais que contradizem suas idealizações.

Referências:

quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Importância da dosagem de metahemoglobina

 A afinidade do monóxido de carbono para a hemoglobina é cerca de 250 vezes superior à do oxigénio. Portanto, com uma P(O2) alveolar normal de 100 mmHg, basta uma pressão parcial de CO de 0,4 mmHg nos alvéolos para que apareça progressivamente uma carboxihemoglobinémia.
A combinação do monóxido de carbono com a hemoglobina faz-se de maneira idêntica à do oxigénio, ou seja, através da ocupação das ligações livres do átomo ferro no heme. A via mais importante de absorção é a respiratória. O monóxido  de carbono se une a hemoglobina do sangue formando carboxihemoglobina, provocando hipóxia.

Metahemoglobinemia causada por medicamentos
 O efeito colateral sistêmico associado com analgésicos locais  é o desenvolvimento de metahemoglobinemia seguindo-se à administração de grande quantidades de prilocaína. Existe uma correlação entre dose de prilocaína administrada por via epidural e grau de metahemoglobinemia. Em geral, doses acima de 600 mg de prilocaína são necessárias para o desenvolvimento de metahemoglobinemia clinicamente significativa em pacientes adultos sem patologias prévias. O metabolismo hepático da prilocaina resulta na formação de ortotoluidina, que é a responsável pela oxidação da hemoglobina para metahemoglobina.
A metahemoglobinemia aasociada ao uso de prilocaina é espontaneamente reversível na maioria dos casos, entretanto, nos casos mais graves ocorre cianose que não responde bem ao oxigênio. Nestes casos, a terapia de escolha é a administração endovenosa de azul de metileno, na esperança de deslocar a ortotoluidina da molécula de hemoglobina.

Metodologia de análise
A hemoglobina é uma heteroproteína cuja parte proteica é constituída por 4 unidades de globina, em que cada uma tem uma espécie de bolsa interior onde está o heme. Ligado a este está o ferro (Fe++). Se o ferro estiver numa forma reduzida (Fe++) é capaz de se ligar ao O2 ou ao CO2. 
Mas se o indivíduo estiver em presença de substâncias oxidantes (Ex: ferrocianato) o ferro, ou parte do ferro da hemoglobina, oxida-se originando ferro férrico (Fe+++).
Nesta forma, o ferro já não é capaz de se ligar ao O2, ligando-se ao grupo OH: esta molécula formada designa-se metahemoglobina. Assim, quando o ferro da Hb está na forma férrica oxidada e ligado a um grupo OH, esta molécula é incapaz de transportar oxigénio e origina hipoxia nos tecidos.
A metahemoglobina apresenta um máximo de absorção a 630 nm, enquanto que a cianometahemoglobina demonstra uma absorção mínima a este comprimento de onda. A adição de cianeto de potássio a um hemolisado converte qualquer metahemoglobina presente em cianometahemoglobina. A absorvância deste hemolisado é medida a 630 nm antes e depois da adição de cianeto, sendo a diferença (decréscimo) em absorvância, proporcional à concentração de metahemoglobina.
A determinação da hemoglobina total presente na amostra, é obtida indiretamente após transformação de toda a hemoglobina em metahemoglobina, por adição de ferricianeto de potássio.

Monitorização biológica
Valor de referência da normalidade: Até 1,0%  para Não fumantes (NR-7).
Índice biológico máximo permitido: 3,5% para não fumantes (NR-7).
Interferentes:
O hábito de fumar eleva consideravelmente os níveis de carboxihemoglobina no sangue. Deste modo, este parâmetro é indicado somente para Não fumantes. Os indivíduos que fazem uso de clorpromazina podem ter os níveis de carboxihemoglobina diminuídos. Já fenobarbital e a fenitoína elevam o teor de monoxido de carbono. A metabolização do diclorometano e leva à formação de carboxihemoglobina.

Referências:
CHASIN, Alice, Pedrozo, Maria, Silva, E. Fatores que interferem nos resultados das análises toxicológicas dos indicadores biológicos do monóxido de carbono. Revista brasileira de Toxicologia, V. 7, n. ½, p.15 – 22. 1994.
Sites:
·   MONÓXIDO DE CARBONO.Doseamento de CO e de MetHb no sangue. 
·    Intoxicação por anestésicos locais. Dr. Fabio Luis Ferrari Regatieri.

quinta-feira, 15 de setembro de 2011

Alcoolemia

            O etanol é uma droga lícita, de baixo custo e fácil acesso, sendo considerada  uma das substâncias psicoativas mais consumidas em todo mundo.  Essa substância pode ser obtida artesanalmente pela fermentação de diversos vegetais ou industrialmente.
            A organização mundial de saúde (OMS) estima que existam dois bilhões de pessoas consumidoras de bebidas alcoólicas e 76,3 milhões com diagnóstico de doenças relacionadas ao uso de álcool.  O consumo de álcool está relacionado com uma variedade de problemas sociais, mentais e de saúde, seja por causa de consumo excessivo, da dependência alcoólica ou de outros efeitos oriundos da sua ingestão.
       A embriaguez, observada na intoxicação aguda pelo álcool, é um poderoso mediador para as consequências nocivas do álcool como, por exemplo, a violência interpessoal, os acidentes de trânsito e as mortes acidentais.
            De forma geral, em vários países, estudos vêm apontando o consumo de bebidas alcoólicas como um dos principais fatores responsáveis pela alta incidência dos acidentes com vítimas. De acordo com a Associação Brasileira de Medicina de Tráfego (Abramet), a utilização de bebidas alcoólicas é responsável por 30% dos acidentes de trânsito. E metade das mortes, segundo o Ministério da Saúde, está relacionada ao uso do álcool por motoristas. Diante deste cenário preocupante, a Lei 11.705/2008 (“Lei Seca”) surgiu com uma enorme missão: alertar a sociedade para os perigos do álcool associado à direção.
         Segundo o Departamento de Polícia Rodoviária Federal quem for flagrado sob efeito de álcool (de 0,1mg a 0,29 mg de álcool por litro de ar expelido) é enquadrado no artigo 165 do Código de Trânsito Brasileiro (CTB): comete infração gravíssima. 
           
           Não há, atualmente, limite considerado “seguro” para dirigir após ingerir bebida alcoólica. A absorção e metabolização do álcool dependem de diversos fatores, como sexo, peso corporal e ingestão de alimentos. É importante ficar atento, pois consumir o equivalente a 1 lata de cerveja, ou 1 taça de vinho, ou 1 dose de cachaça, vodca ou uísque é o bastante para ser multado. Já beber o equivalente a duas ou três doses e dirigir não é apenas infração: é crime de trânsito.


    Notícia: Subsecretário que integrava operação Lei Seca atropela 3. Disponível em: http://www.hojeemdia.com.br/noticias/subsecretario-que-integrava-operac-o-lei-seca-atropela-3-1.332170 

        Existem vários métodos de detecção de alcoolemia. O mais popular é o teste do etilômetro, vulgarmente conhecido como 'bafômetro', equipamento que identifica presença e quantidade de álcool no organismo a partir da análise do ar expelido pelos pulmões. Outra forma é a análise de sangue em laboratório (alcoolemia).


     O etanol pode ser detectado em diversos fluidos biológicos como consequência de sua alta hidrossolubilidade e cinética de distribuição nos fluidos corpóreos. Porém, a determinação de etanol em sangue é uma das análises mais frequentes  e  importantes realizadas  pelos  laboratórios  de  toxicologia clínica e forense.
          A forma mais usual para a determinação de etanol e compostos relacionados em fluidos biológicos é pela cromatografia gasosa com amostragem por headspace estático associada a detectores de ionização em chama, descrita nos anos 70 do século XX. Uma alternativa mais recente é o emprego de microextração em fase sólida (MEFS) para amostragem e pré-concentração dos analitos, que apresenta como vantagens a inexigibilidade do uso de solventes orgânicos e a possibilidade de automação. A MEFS já foi aplicada para a determinação de etanol em procedimento manual, assim como com a utilização de sistemas automatizados.

          Para mais informações acesse o artigo: Feltraco, L. L.; Antunes, M. V.  and  Linden, R. Determinação de etanol e voláteis relacionados em sangue e fluido oral por microextração em fase sólida em headspace associada à cromatografia gasosa com detector de ionização em chama. Quím. Nova [online]. 2009, vol.32, n.9

quinta-feira, 8 de setembro de 2011

Doping Genético pode chegar nas Olimpíadas de 2016/RIO


Alguns cientistas que, inclusive, conhecem as manipulações genéticas em seres humanos estão muito preocupados com uma bomba genética que já vem provavelmente sendo usada para dar mais força e desempenho a atletas, tipo "Iron-man", em várias partes do Planeta. Esses, também estudam prováveis reações dessa bomba nas Olimpíadas de 2016/RIO.

A preocupação do mundo esportivo moderno é uma vertente poderosa que corrompe o lado positivo das pesquisas genéticas desenvolvidas, ainda em estado experimental, para corrigir doenças graves como  a atrofia muscular ou doenças ligadas aos músculos do coração.
Exatamente nessa área (da Distrofia Muscular e a do coração), pesquisas com células-tronco especiais, é que mora o perigo. Cientistas éticos que povoam boa parte do Planeta, descobriram uma bomba relógio genética prestes a explodir no primeiro grande evento esportivo, após 2014, tempo esse esperado para a evolução dos estudos nessa área perigosa. Exatamente as Olimpíadas de 2016, no Rio de Janeiro.
Esse alerta já havia sido efetuado em 2005, no Segundo Simpósio da Agência Mundial Antidopagem (AMA), no  Karolinska Institutet, em Estocolmo, levantado por dois grandes pesquisadores científicos. Arne Ljungqvist, Diretor do Comitê de Saúde, medicina e pesquisa, e Theodoro (Ted ) Friedmann, Chefe do Painel sobre Dopagem Genética.



MAS AFINAL, O QUE É A DOPAGEM GENÉTICA?

Tudo começou através de experiências com animais em laboratório. Uma das experiências que pode ser transferidas aos seres humanos, por exemplo é a que é injetada nos músculos um vírus "inofensivo", com um gene estimulante do crescimento muscular, esse ganha mais tonicidade e força.Mas, até então, tal experiência "franksteniana" havia ficado lá, na solidão dos laboratórios genéticos.
Porém, com toda a imprensa mundial pasma,  pela primeira vez, os jornalistas viram um resultado real dessa experiência. Injetadando esses virus em camundongos de laboratório  - na primeira experiência genética do gênero - os bichinhos se transformaram em grandes maratonistas e ficaram conhecidos como  "Camundongos Schwarzenegger".



Porém, ainda estão em aberto essas aplicações em humanos. Todavia, há quem afirme que essa nova arma de dopagem deverá ser usada nas Olimpíadas do Rio, em 2016, quando os estudos já estarão bem adiantados com relação à aplicação em  atletas. Cientistas éticos, no entanto, discutem uma questão: saber como é que estes resultados se poderão traduzir nos humanos, mesmo sabendo que esse farmaco, um dia, poderá ajudar diretamente na saúde de pessoas com  Distrofia Muscular ou coração combalido ou mesmo pessoas com obesidade, diabetes, claro, essas, impedidas de praticar exercício físico por recomendação médica (Portal Aqui Brasil).