As primeiras informações sobre problemas de saúde datam de 1950, quando foram constatados na região de Presidente Prudente, pelo Instituto Biológico da Secretaria Estadual de Agricultura, casos de doenças em 118 agricultores de algodão, com 21 mortes por um produto chamado Paratiom (inseticida organofosforado) (Planet, 1950; Rodrigues et al., 1957; Almeida, 1959; Almeida, 1960; Almeida, 1967). Nas décadas de 70 e 80, Estados como Paraná e Rio Grande do Sul passam a identificar problemas ambientais e de saúde causados pelos agrotóxicos indicando a utilização cada vez maior desses produtos nas principais regiões de produção agrícola do país (Siqueira, 1983; Secretaria de Saúde do Estado do Paraná, 1983). Com a implantação, a partir dos anos 80s, dos Centros de Controle de Intoxicações em vários Estados brasileiros, as notificações dos agravos causados pelos agrotóxicos passou a ser mais sistematizada, constituindo-se um Sistema Nacional de Informações Tóxico-Farmacológicas (SINITOX) que consolida os dados gerados nos diversos Estados do país, e é coordenado pela Fundação Oswaldo Cruz do Ministério da Saúde, que publica anualmente as estatísticas de casos de intoxicação registrados pelos Centros (FIOCRUZ/CICT, 2000). Pela análise dos dados atuais do SINITOX pode-se concluir que os agravos causados pelos agrotóxicos determinam um problema não só de saúde dos agricultores, mas um sério problema de saúde pública (Aguilar Alonzo, 2000). Esta conclusão se dá analisando-se somente os casos notificados pelos
Centros, que são apenas aqueles considerados de intoxicação aguda, que ocorrem subitamente e muitas vezes de desfecho dramático. Não entram na análise os casos de efeitos adversos de longo prazo que são hoje em dia os que mais preocupam os profissionais que atuam na área de saúde ambiental e toxicologia.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) estimou, em 1990 (WHO,1990), que deveriam ocorrer no mundo, anualmente, cerca de 3.000.000 de casos de intoxicação aguda, mais de 700.000 casos de efeitos adversos crônicos, como distúrbios neurológicos, cerca de 75.000 casos de câncer por exposição e
220.000 mortes.
Os inseticidas organofosforados e carbamatos são atualmente os proutos mais usados na agricultura para uma diversidade de culturas, nas infestações em residências e em animais e no controle de vetores, como pesticidas e praguicidas. Estes agentes agem inibindo a ação da enzima acetilcolinesterase, fundamental para o bom funcionamento do Sistema Nervoso Central dos humanos e outros animais. Atualmente, são utilizados com outras finalidades como tentativas de suicídio, sendo também agentes comuns em intoxicações acidentais e profissionais, respondendo por um número significativo de intoxicações agudas.
De acordo com a CoViSa - Coordenadoria de Vigilância em Saúde de Campinas, o perfil de intoxicação e os sinais e sintomas mais frequentes foram listados a seguir:
Já a tabela a seguir mostra os casos registrados de intoxicação humana por agente tóxico e zona de ocorrência, indicando ser maior a ocorrência na zona urbana que na rural, inclusive para os agrotóxicos de uso agrícola.
(SINTOX, 1999)
A disseminação de pragas, como insetos voadores (pernilongos e moscas) e rasteiros (baratas), animais peçonhentos, como escorpiões e aranhas, associada à epidemia da dengue transmitida pelo mosquito Aedes aegypti, tem trazido um incremento no consumo desses produtos nas moradias urbanas, trazendo como conseqüência um aumento dos casos de intoxicação na zona urbana. Além disso, como não há controle do comércio de produtos para uso em quintais, hortas e pomares domésticos e as substâncias ativas são as mesmas daquelas usadas na agropecuária, o risco de intoxicações fica exacerbado.
Reportagem divugada em 2008 pelo Jornal Diário Catarinense:
Família não aceita morte da criança intoxicada por inseticida em Santa Catarina
Médico diz que órgãos da menina, que teve morte encefálica, resistirão no máximo uma semana
"Ela foi intoxicada pelo inseticida Diazitop, de uso veterinário e agropecuário, aplicado em seu cabelo pela mãe, na tentativa de matar piolhos."
Adriele foi intoxicada pelo inseticida Diazi
Foto:Ulisses Job / Reprodução
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