sexta-feira, 14 de outubro de 2011

MONITORIZAÇÃO TERAPÊUTICA

Os medicamentos possuem os mais diversos mecanismos de ação. Um grande número dos utilizados por via oral ou injetável são metabolizados (ou biotransformados) no fígado, excretados através dos rins, atuando em outros tecidos como medula óssea, sistema nervoso central, ouvido, podendo ser analisados através de exames de sangue ou urina. A simples observação dos níveis de proteínas plasmáticas de um indivíduo já proporciona informação quanto à absorção de determinados medicamentos. Rotineiramente, as dosagens de enzimas hepáticas (transaminases, gama glutamil transferase, fosfatase alcalina, etc.), de resíduos metabólicos (uréia, creatinina, ácido úrico), de eletrólitos (sódio, potássio, cloro, magnésio, cálcio, fósforo), do perfil hematológico e/ou imunológico são necessários para monitorar a terapêutica de forma indireta.
Quanto à dose, deve-se verificar que a concentração terapêutica ideal é aquela em que se obtém o máximo do benefício com o menor efeito indesejável possível, que é denominada de janela terapêutica. Numerosos fármacos, como por exemplo lítio, carbamazepina, digoxina, fenitoína, gentamicina, lidocaína e ciclosporina, têm estes níveis muito próximos e, desta forma, seu acompanhamento terapêutico deve ser rigoroso. Analisando a biodisponibilidade, estaremos monitorando a terapêutica de forma direta. Quanto maior o intervalo, mais segura a sua utilização. "Todas as substâncias são venenos, não existe nenhuma que não seja. A dose correta diferencia o veneno do remédio" (Paracelsus - 1493 / 1541).
O farmacêutico utiliza tecnologia avançada, como espectrometria de massa, cromatografia gasosa, cromatografia de alta performance (HPLC), radioimunoensaio, enzimaimu-noensaio e outros mais simples, como a colorimetria, a fotocolorimetria e a espectrofotometria para a análise destes fármacos . Várias são as situações observadas na monitorização terapêutica: o insucesso terapêutico de determinado medicamento, quando usado dentro das doses e intervalos recomendados; o ajuste na dosagem após determinado tempo de uso, a terapêutica com drogas anticoagulantes (Heparina e Cumarínicos) que requer uma verificação do tempo e atividade de protrombina para avaliar sua eficácia e ajustar a dose. A prevenção e tratamento de intoxicações, realizadas em pacientes usuários de lítio, carbamazepina, ácido valpróico, digoxina, etc; prevenção de efeitos colaterais ao acumulo de medicamentos, observado em usuários de Ciclosporina, gentamicina; ensaios clínicos para o estudo de novos medicamentos.
A monitorização terapêutica tem como meta informar ao clínico a faixa ideal de concentração plasmática do fármaco, com metodologia confiável e reproduzível, para que seu uso seja mais seguro e científico, participando o Farmacêutico como importante componente da equipe de saúde. Os critérios de inclusão e exclusão do protocolo clínico de cada doença são avaliados pela Ficha Farmaco-terapêutica, que registra o acompanhamento do paciente por um ano e onde constam seus dados, avaliação farmacoterapêutica, monitorização do tratamento e registro da dispensação.
Em vários protocolos, consta da avaliação farmacoterapêutica o registro de exames laboratoriais. O papel do farmacêutico vai da realização dos exames até a decisão de dispensar ou não o medicamento, com base nos resultados encontrados que constam no fluxograma de dispensação. Podemos, assim, destacar alguns exemplos. A terapêutica pela Isotretinoína para o tratamento da acne, que requer avaliação do hemograma, transaminases e triglicerídeos na fase inicial do tratamento e depois a cada trimestre. A teratogenicidade deste medicamento indica para paciente do sexo feminino a dosagem da fração beta do hormônio corio-gonadotrófico (teste de gravidez). No tratamento de pacientes anêmicos, portadores de insuficiência renal crônica, o uso da Eritropoietina Humana Recombinante requer uma precisa avaliação dos parâmetros hematológicos e dos níveis de ferro e proteínas de conjugação do ferro que deve ser realizada mensalmente. Outros medicamentos, como o hidróxido de ferro III, têm idêntica avaliação.  
No tratamento farmacológico das dislipidemias, o uso de Estatinas ou Vastatinas, Fibratos e Ácido Nicotínico são acompanhados pelas dosagens de Colesterol total, suas frações HDL, LDL e VLDL e Triglicerídeos para avaliação da terapêutica, das Transaminases, CPK e TSH para verificar possíveis efeitos sistêmicos indesejáveis. A hepatite viral crônica B tratada com o Interferon alfa e a Lamivudina têm como critério de inclusão as provas sorológicas HbsAg, HbeAg e da carga viral do HBV, além das dosagens bioquímicas das transaminases. A dose de Lamivudina a ser administrada é estabelecida através da depuração de creatinina endógena que avalia a função renal . Os critérios de exclusão do tratamento com Interferon alfa baseiam-se em parâmetros hematológicos com a contagem de plaquetas e de leucócitos. Caso apresentem diminuição, o tratamento deverá ter a dose reduzida ou ser interrompido.

VALE A PENA CONFERIR!






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